Hoje, 7 de Junho, há eleições, ditas Europeias, para o Parlamento Europeu, isto é, para eleger, de entre os partidos políticos, os representantes de Portugal no Parlamento Europeu. E é certo e sabido, infelizmente, não só porque as sondagens ou previsões para isso apontam e porque assim costuma ser, que o abstencionismo vai ser muito elevado, talvez o mais elevado de sempre.
Uma grande parte do povo, para não dizer a maior parte, e talvez não fosse exagero, desconhece a utilidade prática destas eleições para o País, quase nem sabendo o que é o Parlamento Europeu. Além disso, tem nascido no cidadão comum, em geral, grande despeito e descrédito nos políticos, devido à má acção política da maior parte deles. Para pior, esta campanha eleitoral nada ou muito pouco esclareceu os eleitores acerca destas eleições e dos seus objectivos, tendo os candidatos, em geral, andado País fora com as respectivas comitivas, durante duas semanas, a atacar-se verbalmente e como se de eleições para a Assembleia da República se tratasse, a esbanjar dinheiros e dinheiros que o Erário Público pagará. Tudo isto junto faz que uma grande parte do povo se alheie destas eleições.
Hoje, domingo de manhã, a propósito destas eleições e relacionado com o que acabo de escrever, senti um soneto algo a agitar-se dentro de mim, que tentei pôr cá fora, no papel.
Dia de eleições
Hoje é domingo e é dia de eleições,
para o Parlamento Europeu se vota,
muito é o desinteresse que se nota
e a que apontam sondagens, previsões;
e a altíssima taxa de abstenções,
que o despeito aos políticos denota,
qual triste fado ou malfadada rota,
por duas alternadas governações,
é devida à popular incultura
e ao maldizer, com enorme aparato,
que pela campanha eleitoral perdura,
querendo ganhar em verbal desacato,
sem esclarecer mente culta ou obscura
— mais que o da bola, um feio campeonato.
(Poema meu.)
Mírtilo