Todos temos um lugar, uma personalidade e um viver no caminho para a morte.
Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010

 

  

 

MÉRTOLA, antiquíssima e importantíssima cidade de MYRTILIS,

nos tempos da ocupação romana,

tem sido e é, nos tempos actuais,

vila muito linda, muito pictórica e muito poética.

 

 

 

 

                     

                          EU QUERIA ...

 

 

 

Eu queria, Mértola, minha terra,

em poesia que em ti se encerra,

tanta, tanta, que me traz tão transido,

desse pobre tempo tão dolorido

em que fui menino e jovem sonhador,

elevar-te a poético alcandor,

a par do orográfico e histórico,

em sentido real ou metafórico,

 

em poesia, Mértola, salientar-te,

em poética memória eternizar-te,

memória esquecida ou não sabida,

no passado enterrada qual jazida

de pobreza por minério de ouro,

para mim qual teu tão triste tesouro,

eu queria qual teu mineiro ser

de poemas desse tempo de sofrer,

 

para a seus descendentes mostrar

o que pais e avós tiveram de passar,

homens dias sem tostão auferir

à espera de trabalho sem vir,

mulheres sem ter pão que na mesa pôr,

de manhã, ao meio-dia, ao sol-pôr,

mas eu queria, Mértola, também,

porque esse pobre tempo alguma tem,

 

referir certa alegria de então,

mesmo do povo às vezes sem pão,

das pessoas o respeito e a moral,

sem a criminalidade actual,

em que nem pela fome um pobre roubava, 

porque então de ser honrado deixava,

eu queria, Mértola, se pudesse,

se inspiração meu estro enriquecesse,

 

lá na minha infância e adolescência

poetizar-te em sentida transparência

e presencialmente ter-te na alma,

tornando-a de novo humilde e tão calma,

como se minha própria alma fosses,

a repetir-me sonhos mansos, doces,

ficando eu nesse tempo eternamente,

menino e a adolescer inocente.

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

                                                                                    Mírtilo

 

 

                                                        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                       

 

 

                       

 

 

 

 

 

 

                       

 

 

                       

 

                       

 

 

 

                                 

 

 

                       

publicado por Mírtilo MR às 16:12

Fiquei apaixonada por Mértola! Caramba, meu amigo, esse é um amor daqueles a sério! Parabéns pelo poema e por esses laços que o prendem à terra!
Um abraço!
Maria João Brito de Sousa a 11 de Fevereiro de 2010 às 10:53

Poetaporkedeusker:

Grato fiquei pela sua visita a este pouco decorado recanto e pouco actualizado em termos de calendário, mas o tempo e a disposição não dão para melhor aspecto e melhor actualização.
Há pessoas que não sentem profundamente ou até nada sentem a terra natal, o que me admira sobretudo se lá viveram a infância e a adolescência ou, mais, até plenamente adultos, ou sempre, o que é impossível acontecer comigo, pois há sempre um arquivo de memória, sensibilidade, sonho, amor, que ficou e até, pode dizer-se, nos traçou em certa medida a vida.

Um abraço.
Mírtilo
Mírtilo MR a 12 de Fevereiro de 2010 às 19:08

Isso mesmo! É exactamente isso, Poeta! Há laços fortíssimos com o chão que nos viu crescer... eu costumo dizer que devo ter uma "costela" de árvore, tão fortes são as raízes que me prendem a este estuário do Tejo!
Um abraço GDE!

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