Todos temos um lugar, uma personalidade e um viver no caminho para a morte.
Terça-feira, 29 de Setembro de 2009

 

 

     É certo que o Homem tem evoluído em todos os campos, obtendo sobretudo grandes conquistas nas ciências e nas tecnologias, que lhe vão trazendo mais bem-estar material e também mais qualidade de vida, de que resulta uma esperança de vida de mais anos, principalmente devido ao actual estádio da medicina.

     O Homem, todavia, continua a não conseguir conquistar a imortalidade, máximo anseio que sempre o assaltou, certamente pelo desconhecimento e temor do que se passa para lá da morte.

     Diga-se também que o Homem muito pouco, ou talvez nada, tem evoluído no campo  espiritual, continuando com os mesmos defeitos que sempre teve, por vezes parecendo mais agravados, discriminando, ofendendo, lutando, ferindo, matando, pela posse das suas presas, sobretudo a do dinheiro, do muito dinheiro ...

     Há ainda homens, porém, muitos, muitos, que ainda se interrogam sobre o desregrado ou mau caminho que tantos, tantos, por esse mundo pisam, enganados e enganando, convencidos de que vão bem na vida ou a tentar disso convencer. E esses que se interrogam anseiam paz e regresso dos outros ao bom caminho, embora de esperança muitas vezes a fenecer.

 

 

 

 

 

                                              Homem-miragem

 

 

Como é mortal o Homem! Movimento,

luta, evolução, desejo, grandeza,

mostram apenas a mortal fraqueza

frente ao Universo, em que o pensamento

 

lhe morre de impotência e exaustamento.

Tão fraco é o Homem na Natureza,

embora contra a espontânea beleza

tudo revolva até ao esgotamento! 

 

É tão tiste o Homem ao mergulhar,

cansado e ansioso de paz, na paisagem,

rogando-lha nesse enevoado olhar!

 

É tão pobre o Homem ... e tão selvagem,

que odeia até ao ponto de matar!

Homem-deus ou feliz é só miragem.

 

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

                                                                                                                                                      Mírtilo     

publicado por Mírtilo MR às 21:32

Quinta-feira, 17 de Setembro de 2009

 

 http://jornalismodigital.f2j.edu.br/turma1/index.php?option=com_content&task=view&id=149&Itemid=2                                                              

     O desemprego é actualmente o maior problema laboral e social. Problema que,  em Portugal,  já vinha de antes desta crise económica internacional, com a generalização do contrato de trabalho a prazo e o fecho e a deslocalização de muitas empresas para outros países de salários bem mais baixos e com melhores benefícios empresariais concedidos pelos respectivos governos, mas de há cerca de um ano para cá, com o aprofundar desta imensa e medonha crise económica internacional e nacional, o negro panorama do desemprego muito se agravou, trazendo para as classes laborais mais baixas, de salários também muito menores, quer com contratos de trabalho a prazo quer não, a incerteza do futuro ou o desespero no presente, com todas as necessidades que a falta de dinheiro acarreta, sobretudo a fome, a não satisfação das dívidas, por vezes até a interrupção dos estudos dos filhos ou dos próprios trabalhadores.

     É claro que o desemprego é superior àquilo que o Governo em qualquer altura indica, que é o número oficial de desempregados inscritos, mas, como se sabe, há sempre muitos desempregados não inscritos, sobretudo quem anda sempre em contratos de trabalho a prazo e com intervalos entre os contratos, não se inscrevendo portanto, por achar que nada adianta, preferindo procurar emprego por si próprio, nem que seja em pequenos e muito mal pagos biscates, para sobreviver. Diga-se que no fim do primeiro trimestre do corrente ano a percentagem oficial de desempregados era de 8,9%, mas de desempregados efectivos era  já de 11,2%.

     E dos desempregados oficialmente inscritos nem todos recebem subsídio de desemprego. Apenas o recebiam, segundo dados oficiais e relativamente ao primeiro trimestre deste ano, um pouco acima dos 50% dos desempregados oficiais, mas, em relação ao desemprego real, ou efectivo, esse subsídio era recebido por menos de 50% dos desempregados. 

     A falta de salário, que é o único rendimento dos trabalhadores pobres em geral, ou, dizendo de outra forma, a falta de dinheiro, numa civilização em que o vil metal é sumamente importante, traz os gravíssimos problemas de que todos temos ouvido falar, mas que só quem os sofre os sente verdadeiramente.

 

 

 

                        Desemprego

 

 

O desemprego é realidade crescente e dura,

que aflige os trabalhadores nos nossos dias

— radicou-se o desprezo pela agricultura,

dispensam braços as novas tecnologias,

 

abalam empresas multinacionais frias,

interesseiras, sem pátria, sempre à procura

do lucro maior e de novas regalias,

concedidas sem contrapartida segura,

 

fecham portas empresas dúbias nacionais,

ou fraudulentas, ou a simular falência,

tudo isto gera desemprego cada vez mais,

 

e há também desemprego entre contratos a prazo.

E o Governo, incapaz, tenta com  frequência,

com estatísticas, disfarçar o infeliz caso.

 

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

                                                                                                  

                                                                                                                                                           Mírtilo   

 


Quarta-feira, 09 de Setembro de 2009

 

     

     O Castelo de Mértola tem sido de há cerca de vinte anos para cá restaurado pouco a pouco, dando-lhe feição de dignidade relativamente à sua importância histórica e à sua antiguidade. A sua antiguidade é, no entanto, algo desconhecida, ou discutível, sendo geralmente atribuída a sua fundação aos Árabes (antigamente designados por Mouros na História de Portugal), mas há dúvidas sobre se o Castelo, ou outra fortificação já ali existente, é originariamente árabe. É certo que a ocupação árabe o tornou seu e lhe imprimiu as suas características, talvez através de uma reconstrução geral, ou até total, pois os Árabes ficaram conhecidos como grandes reconstrutores ou reparadores de vários tipos de edificações, mas existiria certamente naquele local, no cimo do dominante planalto que se debruça para o rio Guadiana, alguma fortificação anterior fundada por qualquer outro povo. Esta dúvida foi manifestada pelo erudito arqueólogo do Sul que foi Estácio da Veiga, como também pelo insigne historiador e investigador histórico que foi Alexandre Herculano, chegando este a notar haver uma tríplice construção no Castelo de Mértola.

     Além de outros povos anteriores, por ali passaram os Romanos, os Visigodos e os Árabes, que se serviram desse grande rio do Sul que é o Guadiana, a que antes dos Romanos os Cartagineses chamaram Hanas e depois os Romanos simplificaram em Ana (ou Anas), assim continuando com os Visigodos e os Árabes, chamando-lhe estes «wade» (então «rio» em árabe) Ana, que depois em português, pela conjugação ou aglutinação das duas palavras (o substantivo comum mais o nome propriamente dito), deu Guadiana.   

     O Castelo de Mértola hoje pode e merece ser visitado, com agrado e satisfação dos seus visitantes e desejo de voltar ou de recomendar a visita a outras pessoas.

     O Castelo, no entanto, sofreu até há cerca de vinte anos a erosão do tempo, deteriorando-se ao longo de tantos séculos, sem que as autoridades tutelares ou responsáveis daquele tão vetusto monumento se importassem com isso.

     Foi no Castelo de Mértola, velhinho e carcomido, mais que matusalénica edificação,  Castelo arruinado mas eterno, o meu Castelo, foi nele que passei muito tempo da minha infância e adolescência, com amigos ou só, brincando, lendo ou estudando, sonhando, pensando, poetando, tentando olhar o futuro ...

     É esse Castelo, o desse tempo, ainda que enrugado e sujo, que trago na memória e no coração, para sempre.

 

 

 

 

 

                        Meu Castelo

 

 

Castelo de Mértola, oh, Castelo meu,

pela infinda erosão do tempo carcomido,

adolescente, de ti, onde me senti protegido,

de sol, chuva, vento, pessoas, mirei eu,

 

vida ainda verde, algo confuso, o céu,

incógnito por cima, em baixo sofrido,

em ti sonhei, chorei, mudo ai ou gemido,

estudei, romances li, poetei, no seio teu

 

até adormeci, ou paixão me tangeu,

meu miradouro a toda a volta, preferido,

o que aí brinquei a memória não esqueceu,

 

também teus pássaros e ninhos não olvido,

nem mensagens que meu jovem espírito escondeu,

em ti, ao futuro, com esperança e dolorido.

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

                                                                                                                                                         Mírtilo

 

 

 

 

 

 


Terça-feira, 01 de Setembro de 2009

    

 

     O Homem está muito longe de estabelecer um bem-estar geral, a satisfação das principais necessidades de toda a gente, o respeito e a amizade de todos os homens entre si, de modo que deixe de haver ou se reduzam ao mínimo a ambição, a discriminação, o ódio, a revolta, a infelicidade, a falta de assistência ou de solidariedade ...

     Nos dias de hoje, apesar do progresso material, sobretudo tecnológico, continuam a ver-se, como dantes ou pior, problemas entre as pessoas, desumanidade, desigualdade, injustiça, ambição, guerra, carnificina, enorme desnível entre ricos e pobres ...

     Por vezes passa pela cabeça de tanta gente, inclusive pela minha, fugir, se fosse possível, a tudo isto, fugir a esta civilização altamente tecnológica mas parecendo algo louca e suicida, altamente poluente e asfixiante, fugir para o isolamento, ir viver em paz e sossego algures em plena Natureza, sentindo no corpo e no espírito o natural ciclo equilibrante, longe do bramir atordoante e venenoso da actual civilização, que faz desesperar de algum dia haver paz, justiça e bem-estar equilibrados para toda a gente. 

 

 

 

                                                 Desespero

 

 

Ó auroras de mansidão ferida,

dias de horas férreas e venenosas,

em vossas veias letais e ruidosas

sinto a pátria do espírito perdida.

 

Se Ceres fértil, de fronte florida,

e Pã com suas flautas maviosas

deixassem as tumbas fuliginosas

e em agro ou serra dessem paz de vida

 

à minha alma que em dor se esvai ferida,

fugiria às técnicas asquerosas

de urbes sem alma e feição poluída,

 

e mesmo em bagas de suor custosas

e em cabana com gretas construída,

não teria mais horas revoltosas.

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

                

                                                                                                                                                    Mírtilo

 

 

 

publicado por Mírtilo MR às 22:55


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