As crianças são os adultos de amanhã, mas, se lhes não dermos, além de formação escolar e cultural, boa formação moral, elas terão um mundo tão mau ou pior do que este que hoje nós adultos temos, assim como tantas, tantas, delas o têm também.
Transcrevo, a propósito de crianças, um excerto de um poema meu, feito há muitos anos mas que ainda se apresenta muito actualizado.
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Até as crianças, inocentes crianças,
que riam sãs pelos pátios das escolas,
pelos verdes jardins da cidade,
ou pelos terreiros e campos da aldeia,
e eram como um livro pequenino
onde os bons pais inscreviam seus sangues,
até elas, pobres crianças,
as transformaram:
já não riem nem brincam despreocupadas,
já não descobrem por necessidade ou curiosidade
segredos e belezas da Natureza,
são crianças que as mães não aleitam
e os pais não ensinam,
são estudantes forçados ou condescendentes
que os pais teimam em oferecer
aos tentáculos do progresso urbano
em troca de um fofo e dourado futuro
para os filhos da sua ambição,
são crianças e crianças revoltadas
com armas de vício e autoridade prematura ...
(Poema meu.)
Mírtilo