Todos temos um lugar, uma personalidade e um viver no caminho para a morte.
Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009

 

 

     A corrupção está cada vez mais na ordem do dia,  mais e mais casos a aparecer, alguns já antigos, que pareciam estar totalmente bem em segredo, mas pouco a pouco vai-se levantando o véu de alguns desses ignóbeis casos de corrupção, em geral graças ao actual jornalismo de investigação.

     Sobretudo em órgãos ou serviços do Estado ou em  empresas em que o Estado tem interesses, ou entre elementos desses serviços ou dessas empresas, têm ultimamente surgido tantos suspeitos em casos de corrupção que bem poderia dizer-se que o Estado, através do seu Executivo, ou seja, o Governo, deveria estar envergonhado perante o povo, que elege os seus governantes, nomeando estes depois outros líderes, como gestores, administradores, etc., por familiaridade, amizade, coleguismo político, para outros serviços ou empresas em que surgem algumas dessas suspeitas de corrupção.

     A corrupção a alto nível é, por um lado, fruto da promiscuidade entre o poder e o grande capital, própria de regimes do moderno capitalismo liberal, e, por outro lado, a má consciência e a quase impunidade que alguns políticos e líderes empresariais sentem ou julgam poder ter fazem o resto. 

     Sendo a corrupção uma das piores manchas na honestidade do Homem, pervertendo valores de moral e justiça, que devem ser sagrados e impolutos, não se compreende que tamanho labéu, sobretudo a alto nível, isto é, praticada por supostamente tão importantes figuras da Administração Pública ou com ela relacionadas, esteja actualmente a aparecer com alguma frequência, pelo menos sob a forma de suspeitas, e isto não incluindo os casos que porventura possam ainda estar sob o véu do secretismo, ou do desconhecimento, ou da insuspeição. E a corrupção a alto nível mais detestável se torna para o comum cidadão na medida em que é praticada por indivíduos que já são profissional ou funcionalmente tão bem pagos. É a tentação totalmente desonesta de mais e mais dinheiro arranjar, de mais e mais enriquecer ilicitamente.

     É claro que o grande povo, o grande povo pobre e eleitor, há muito que se habituou, infelizmente, mas por força das circunstâncias, a pensar que a corrupção a alto nível ficará sempre ou geralmente impune, devido à argúcia de bons ou dos melhores advogados defensores, que se aproveitam sobretudo de aspectos formais dos processos e de recursos para adiar e tornar a adiar os respectivos andamentos. E, além disso, como os tribunais andam a abarrotar de processos e mais processos, a demora ainda mais se agrava, acabando tantas vezes por prescrever muitos dos processos.

     É lamentável ter de se dizer ou pelo menos de se pensar que temos tantos casos de políticos ou de governantes sobre quem recaem ou recaíram suspeitas de corrupção, algumas muito graves, ainda que não de todo comprovadas.

 

 

 

 

                          Corrupção

 

 

Há órgãos do Estado a eivar-se em corrupção,

antiga ou recente, sofisticada ou não,

ora isolada ora em secreta associação,

ou ignorada ou com oculta permissão.

 

Suspeitas e denúncias em constante explosão

têm forçado muito à investigação,

e há autarcas em tribunal ou na prisão,

agentes policiais na mesma situação,

 

outros funcionários com igual acusação,

mais uma Direcção-Geral sob suspeição.

E se prosseguir isenta a averiguação,

 

mais suspeitos e culpados aparecerão,

não só «peixe» miúdo, também médio e grandão.

Há que extirpar a burocrática podridão.

 

 

 

 

                              (Poema meu.)

 

 

 

                                                                                                                                                                 Mírtilo                                                                                                                                          

 

    


Segunda-feira, 25 de Maio de 2009

 

    

     Os Portugueses vão de novo este ano ser chamados a eleições:  para as Europeias, isto é, para o Parlamento Europeu;  para as Legislativas, ou seja, para a Assembleia da República (que indirectamente também servem para formar Governo, pelo partido mais votado); e para as Autárquicas, isto é, para o Poder Local.

     A campanha para  as Europeias já começou, já por aí anda, como de costume a gastar-se fortunas, milhões e milhões, a fazer-se promessas e mais promessas que depois não se cumprem ou quando muito só se cumprem minimamente, sendo claro que quem falta mais à verdade, ou totalmente à verdade, são os partidos que são sempre mais elegíveis, os dois maiores. É claro que para as Europeias, as da decorrente campanha eleitoral, o problema das promessas não impressiona nem afecta muito os Portugueses em geral, ou uma grande parte deles, porque são eleições que, ao longo do tempo em que já existem, nunca lhes disseram grande coisa, como se comprova através da sempre elevada taxa de abstenção.

     Quando vierem as Legislativas, aí, sim, já os Portugueses em geral se impressionarão muito mais com as muitíssimo mais elevadas verbas gastas em campanha eleitoral e com as também mais numerosas e mais vastas promessas que, como é usual, não irão ser cumpridas, totalmente ou parcialmente, por quem vencer essas eleições. Quase sempre tem sido assim, em maior ou menor escala, o que tem feito perder ao povo em geral o elevado conceito do voto, dito em democracia, ou até a vontade de ir votar, por se achar, ainda que se queira ter alguma esperança, que vai ser sempre o mesmo tipo de governação, já que os dois partidos que se revezam no Poder apresentam ou têm políticas muito idênticas, embora o que calha a ficar na Oposição se queira fazer e argumente ser diferente, para melhor, claro. É que, actualmente, são dois partidos que, embora se digam e tivessem sido de tendências políticas razoavelmente diferentes, acabaram por ficar praticamente iguais ou semelhantes.

     Quanto às Autárquicas, que são eleições especificamente para o Poder Local, têm a esse nível a sua grande importância e são encaradas sobretudo com a finalidade de desenvolvimento local para o bem das respectivas populações. É claro que também têm a sua quota-parte de promessas que não serão cumpridas.

     Sem dúvida que as Legislativas são em geral consideradas as mais importantes, por servirem para legislar a nível nacional e para formar Governo para o País, e é nestas eleições que o povo em geral deposita ainda ou desejaria depositar razoável esperança para a melhoria das suas vidas, esperança essa que tem vindo, ao longo dos trinta e cinco anos de democracia (de voto), sobretudo mais recentemente, a baixar, a esmorecer, por serem tantas as desilusões sofridas, mormente pelos mais necessitados, e juntamente com a perda de esperança se foi perdendo  algum ou muito apreço ao voto democrático, às instituições democráticas e aos políticos em geral ...

 

 

 

                                                        Democracia

 

 

25 de Abril. Ávidos vivas à democracia.

O povo ia ser livre de todo finalmente,

graças à coragem e ao esforço superingente

dum punhado de militares, da noite para o dia.

 

Não mais as mordaças e o exílio haveria,

não mais a fome, a injustiça, a inculta mente,

era a educação, paz, pão, casa, a toda a gente,

em livres eleições o voto se outorgaria.

 

Hoje, trinta e cinco anos de frias desilusões,

ao livre voto se foi perdendo respeito,

se perdeu apreço e fé nas instituições,

 

se nutre por políticos enorme despeito

— está corrupta a democracia e com restrições,

qual ansiado mas muito enganoso conceito.

 

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

 

 

 

                                                                                                            Mírtilo

 

 

 

 

 

 

publicado por Mírtilo MR às 16:03


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