Todos temos um lugar, uma personalidade e um viver no caminho para a morte.
Quinta-feira, 17 de Setembro de 2009

 

 http://jornalismodigital.f2j.edu.br/turma1/index.php?option=com_content&task=view&id=149&Itemid=2                                                              

     O desemprego é actualmente o maior problema laboral e social. Problema que,  em Portugal,  já vinha de antes desta crise económica internacional, com a generalização do contrato de trabalho a prazo e o fecho e a deslocalização de muitas empresas para outros países de salários bem mais baixos e com melhores benefícios empresariais concedidos pelos respectivos governos, mas de há cerca de um ano para cá, com o aprofundar desta imensa e medonha crise económica internacional e nacional, o negro panorama do desemprego muito se agravou, trazendo para as classes laborais mais baixas, de salários também muito menores, quer com contratos de trabalho a prazo quer não, a incerteza do futuro ou o desespero no presente, com todas as necessidades que a falta de dinheiro acarreta, sobretudo a fome, a não satisfação das dívidas, por vezes até a interrupção dos estudos dos filhos ou dos próprios trabalhadores.

     É claro que o desemprego é superior àquilo que o Governo em qualquer altura indica, que é o número oficial de desempregados inscritos, mas, como se sabe, há sempre muitos desempregados não inscritos, sobretudo quem anda sempre em contratos de trabalho a prazo e com intervalos entre os contratos, não se inscrevendo portanto, por achar que nada adianta, preferindo procurar emprego por si próprio, nem que seja em pequenos e muito mal pagos biscates, para sobreviver. Diga-se que no fim do primeiro trimestre do corrente ano a percentagem oficial de desempregados era de 8,9%, mas de desempregados efectivos era  já de 11,2%.

     E dos desempregados oficialmente inscritos nem todos recebem subsídio de desemprego. Apenas o recebiam, segundo dados oficiais e relativamente ao primeiro trimestre deste ano, um pouco acima dos 50% dos desempregados oficiais, mas, em relação ao desemprego real, ou efectivo, esse subsídio era recebido por menos de 50% dos desempregados. 

     A falta de salário, que é o único rendimento dos trabalhadores pobres em geral, ou, dizendo de outra forma, a falta de dinheiro, numa civilização em que o vil metal é sumamente importante, traz os gravíssimos problemas de que todos temos ouvido falar, mas que só quem os sofre os sente verdadeiramente.

 

 

 

                        Desemprego

 

 

O desemprego é realidade crescente e dura,

que aflige os trabalhadores nos nossos dias

— radicou-se o desprezo pela agricultura,

dispensam braços as novas tecnologias,

 

abalam empresas multinacionais frias,

interesseiras, sem pátria, sempre à procura

do lucro maior e de novas regalias,

concedidas sem contrapartida segura,

 

fecham portas empresas dúbias nacionais,

ou fraudulentas, ou a simular falência,

tudo isto gera desemprego cada vez mais,

 

e há também desemprego entre contratos a prazo.

E o Governo, incapaz, tenta com  frequência,

com estatísticas, disfarçar o infeliz caso.

 

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

                                                                                                  

                                                                                                                                                           Mírtilo   

 


Quarta-feira, 13 de Maio de 2009

 

    

      O problema da Justiça, que, antes da crise económica e laboral que já tínhamos,  com a deslocalização — por vezes ilícita ou fraudulentamente, com  prejuízo até para o Estado por tantos benefícios fiscais e outros concedidos — de tantas, tantas, empresas para os países de Leste, com  mão-de-obra muitíssimo mais barata, e o consequente crescente desemprego, deixando trabalhadores com salários por receber, o problema da Justiça, dizia eu, já era então grave e muito mais se agravou com a depois sobrevinda crise económico-financeira  internacional, portanto também portuguesa, dado o actual contexto de economia global existente por todo o mundo. E nós, os leigos em economia, mas também os doutos na matéria, vimos, surpreendidíssimos, a economia mundial ir-se desmoronando como (e desculpem a imagem comum) um baralho de cartas, ou, menos comum, como uma engenhosa mas fraca construção de pedras de Lego.

     O desemprego, que já era tão grande e tão dramático, piorou e dramatizou-se de tal forma que o País (foco, como é lógico, a análise no nosso país, e o que digo não é novidade para ninguém) quase entrou em preâmbulo de colapso, com tantas empresas, sobretudo micro, pequenas e até médias, a falir e a deixar no desemprego ainda muito mais trabalhadores, com mais salários em atraso, que têm de desistir de empréstimos em que estavam comprometidos, sobretudo o do bem tão essencial e constitucional que é a habitação.

     A Justiça, que já estava mal, também mais se agravou concomitantemente com o exacerbar da crise económica, isto é, com o mais crescente aumento do desemprego, dando origem a que muita gente, sobretudo jovens e especialmente jovens de difícil inserção social, por terem fracas habilitações escolares e por viverem em bairros problemáticos e também por estarem cansados de procurar e não arranjar trabalho, dando origem a que muita gente, dizia eu, se afunde em desespero de ter pelo menos o pão para sobreviver dia a dia. E daí, sobretudo por parte de muitos dos referidos jovens, o aumento da criminalidade, com o imenso problema que acarreta à máquina da Justiça, isto é, às forças de segurança pública, à Polícia Judiciária, ao Ministério Público, aos tribunais, à Direcção-Geral dos Serviçios Prisionais e ao próprio Estado, mas também e sobretudo aos cidadãos, com especial relevo para os tribunais, que, por terem de julgar, se vêem actualmente sumamente embaraçados de processos a que é impossível dar satisfação em tempo razoável.  

     Transcrevo a seguir um soneto meu que mais ou menos, dentro das contingências de espaço dum soneto, mostra a actual dificuldade da Justiça, sobretudo por parte dos tribunais.

 

 

 

                                                           Tribunais

 

 

Cresce a criminalidade cada vez mais,

qual tumor maligno desta civilização,

ou praguedo de incontrolável proporção,

e abarrotam de processos os tribunais

 

— há muitos crimes novos, mais os tradicionais,

e há processos em exaustiva profusão,

em mesas, armários, secretárias, no chão,

em pilhas que não param de crescer jamais.

 

Não há juízes, funcionários, instalações,

que consigam tanto processo suportar,

e anos demora o julgamento das acções.

 

Justiça lenta, adiada, não é de apreciar,

favorece os maus e lesa as justas razões

e vai pelos bons cidadãos descrença semear.

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

 

 

                                                                                            Mírtilo 

 



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