Todos temos um lugar, uma personalidade e um viver no caminho para a morte.
Quarta-feira, 22 de Julho de 2009

         

 

     À escala mundial, a vida está cada vez pior para os pobres, com a riqueza cada vez mais mal distribuída e ela própria a causar ciclicamente crises. A Humanidade tem este vital problema por resolver, hoje com mais premência do que nunca, dada a cultura e a consciência de direitos que as classes trabalhadoras pobres adquiriram nas últimas décadas. É claro que a riqueza, aquando das crises que, afinal, ela própria provoca, defende-se livremente, por vezes sem coração, ou cruelmente, tentando compensar os possíveis ou prováveis prejuízos com cortes nos referidos direitos dos trabalhadores ou mesmo despedimentos, ou encerramento total das empresas, para, muitas vezes, as reabrir noutro local, fora do País ou mesmo cá, com mão-de-obra mais barata e com menos ou quase nenhuns direitos, medidas a que actualmente tanto se tem assistido, excluindo-se desta tão dramática situação, tantas vezes, as classes profissionais superiores, que parecem ter sempre, ou quase sempre, os seus altos rendimentos e benesses assegurados. E o próprio Estado se associa a este tão criticável comportamento da riqueza, comportando-se de modo idêntico.

     Tudo isto vai gerando, crescentemente, trabalhadores mais pobres e com menos futuro, desempregados, doentes, revoltados, drogados, ladrões para sobreviver ou ladrões para enriquecer, por vezes com crimes de sangue e morte de permeio, encolhidos ou pacatos deserdados desta má sorte ou má política, muitos, tantos, tantos, forçados a desistir de viver em dignidade, sobrevivendo por aí miseravelmente, sem eira nem beira, sem nada além da incerteza total do dia-a-dia, vulgarmente conhecidos, anonimamente, por «os sem-abrigo».

     E a Constituição da República Portuguesa consigna (ou já não?!) que todos têm direito ao trabalho, à educação, à saúde e a ... uma habitação condigna ...

 

 

 

 

                    Os sem-abrigo

 

 

 

Eles são pobres exilados da dignidade,

sem trabalho, sem casa, sem cama e sem pão,

roupa só a vestida, sem água ou sabão,

e dormem em esconsos de qualquer cidade,

 

 

deitados no chão, sobre trapos ou cartão,

ao frio e à chuva da invernosidade.

Eles são condenados da nossa iniquidade,

são um lixo desta nossa civilização.

 

 

Esquece-os o Governo, esquece-os a sociedade,

só neles repara algum caridoso coração,

que lhes mitiga as mínguas da fria realidade,

 

 

um dia, fugazmente, sem continuação.

Os que não tiverem sorte e dura vontade,

coitados, neste tão frio fado jazerão.  

 

 

 

 

(Poema meu.)

 

 

 

                                                     

                                                                                                     Mírtilo  

publicado por Mírtilo MR às 22:41


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