Quando se é novo e se ama com esperança de família e na vida, se vem a foice do Destino, ou a Parca que o fio da vida corta, e leva, duplamente, o coração que amava, fica-se como que atingido por toda a má sorte do mundo, que deixa na vida um demasiadamente sofrente morto-vivo revoltado contra a negra, temida e implacável Morte, restando então, certamente como melhor medida, mediante grande esforço que apazigúe o referido sentimento de revolta, olhar para Deus e pedir ajuda ...
Morreu-me ...
Um desmaio ... Como se morre! Ó Morte,
deixaste-me a miséria nesta dor!
Um desmaio ... Como um cruel vapor
que tudo me roubou. Oh, negra sorte!
Ânimo, alegria, vontade forte,
esperança de ventre, tanto amor ...
Pior que jovem e humilde flor
desfeita por frio vendaval do norte.
Levaste-a, Morte, antropófaga Morte!
Foi tudo ilusão. Agora é só dor.
Há um mês ... Nada há que me conforte.
Ó justo Céu, dizei-me por favor
que ela está aí, para que eu suporte
até reaver um dia seu amor.
(Poema meu.)
Mírtilo