Actual MÉRTOLA, antiga MYRTILIS
Mértola, vila do Baixo Alentejo, foi cidade muito importante e muito disputada durante as ocupações romana e árabe. Era, pode dizer-se, o último porto do Mediterrâneo, naqueles tão recuados tempos, apesar de situada à beira do rio Guadiana a várias dezenas de quilómetros da sua foz.
Foi a Myrtilis dos Romanos e a Mirtolah dos Árabes.
Histórica e monumentalmente foi-se afundando, soterrando, e foram também levados para fora bocados ou peças testemunhais do seu profundo passado.
Mértola, já na nossa época, passou por um muito longo período de empobrecimento a todos os níveis, e alguns monumentos foram sofrendo deterioração, sobretudo o seu sobranceiro Castelo, que chegou a sofrer de avultada ruína.
Depois de 25 de Abril de 1974, com a abertura de Portugal a si próprio e ao mundo, mais concretamente a partir da década de oitenta, a Câmara Municipal foi adquirindo técnicos e equipamentos e criando serviços apropriados que se foram encarregando de não só reparar as deteriorações ou arruinamentos existentes como também de pôr a descoberto, até aos dias de hoje, muita da riqueza histórica soterrada, numa altamente meritória e incansável obra de levantamento arqueológico — de tal modo que nos dias de hoje Mértola é conhecida por Vila-Museu, valendo bem a pena uma visita a Mértola, sobretudo por parte de quem se interessa pela História ou pelo passado das nossas terras e do nosso povo.
Voltarei a falar muitas mais vezes sobre Mértola. Agora, para completar ou esclarecer um pouco paisagisticamente a fotografia desta vila acima, vila que é, diga-se, linda e original, muito pictórica, descrevê-la-ei, a seguir, através de um soneto meu feito há muitos anos, que tem um nome muito elucidativo no sentido que aqui se propõe.
Postal clássico
de Mértola
No alto planalto do cerro, o Castelo,
(apesar da ruína, altaneiro e belo);
pouco abaixo, a bem branca Igreja Matriz,
(mesquita antes da fundação do País);
muito a descer pelas encostas sul e nascente,
a vila antiga, branca tão expressivamente,
(que cidade forte foi na Antiguidade),
até a travar e proteger, na verdade,
a antiquíssima muralha circundante;
abaixo, o calmo Guadiana, deslizante,
(por muitos povos antigos tão navegado);
(o pendor poente é deserto e alcantilado);
para norte, extramuros, mais suavemente,
a vila expandida e a ponte, necessariamente.
(Poema meu.)
Mírtilo